Tarifa de
água e esgoto
A tarifa pode ser um poderoso instrumento para a universalização do saneamento e a promoção da segurança hídrica
Recomendações para tarifa + democrática e sustentável de água e esgoto
As recomendações apresentadas abaixo são específicas para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp, mas podem ser replicadas em outros lugares do Brasil. Elas estão organizadas em 4 Eixos, a partir dos quais você pode navegar.
Eixos
- Modelos de Cobrança
- Sociedade e sustentabilidade
- Transparência
- Políticas públicas
1
Cobrar segundo o consumo real
O valor da cobrança deve corresponder ao volume efetivamente consumido
Princípio: Água como Direito | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: Hoje o modelo de cobrança é organizado por faixas de consumo, sendo que a 1a é até 10 m³/mês. A lógica das faixas tem como objetivo aumentar o valor da água a cada um dos blocos, sendo portanto uma estratégia para induzir o consumo racional. Entretanto, os usuários da primeira faixa de consumo (até 10 m³/mês) pagam uma cobrança mínima, ou seja, independente se o consumo foi 1m³ ou 10m³, o valor da conta será o mesmo. O problema dessa lógica é que ela não estimula a economia de água e também não é justa.
Nossa proposta: Organizar a cobrança da tarifa de maneira que a população pague um valor fixo pela prestação de serviço acrescido o valor do m³ consumido no mês. A parcela fixa seria cobrada automaticamente de todos que estejam conectados à rede de abastecimento (água e esgoto) ou sempre que a infraestrutura estiver disponível (nos casos onde o usuário ainda se nega a conectar). A parcela variável seria calculada com base no volume efetivamente consumido mensalmente. Espera-se com essa proposta potencializar a capacidade da tarifa em promover o uso racional da água, observando o equilíbrio econômico-financeiro do prestador.
2
Para cada serviço um valor específico
Água, coleta e tratamento de esgoto são serviços diferentes e devem ser cobrados separadamente
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: Hoje em dia todo usuário conectado à rede de água e esgoto paga a tarifa “cheia”, ou seja, a somatória das tarifas de água e esgoto. Ocorre que, considerando o esgoto, existem dois serviços distintos, a coleta e o tratamento. Enquanto que existe somente uma tarifa unificada de esgoto. Como o serviço ainda não é universalizado, parte dos usuários têm seus esgotos coletados e tratados, enquanto outra parte recebe somente a coleta, sem tratamento. Em ambas as situações paga-se a mesma tarifa de esgoto. Há, portanto, uma mesma cobrança para serviços diferentes.
Nossa proposta: Alterar o sistema de cobrança para um modelo composto por tarifas distintas: água, coleta de esgoto e tratamento de esgoto. Cada uma dessas tarifas viriam discriminadas na mesma conta para que o usuário saiba por qual serviço está pagando, quanto está pagando e se o serviço está sendo prestado adequadamente. Espera-se com essa proposta aumentar a eficiência na prestação do serviço a partir de um modelo de remuneração mais transparente e justo.
3
Coleta e tratamento de esgoto são mais caros que abastecimento de água
Coleta e tratamento de esgoto envolvem custos maiores que o abastecimento de água e isso deve estar refletido na tarifa
Princípio: Saúde e Bem-estar | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: O valor da tarifa de esgoto é estimado entre 80% e 100% em relação ao custo da tarifa de água (a depender do município, aplica-se uma lógica). No entanto, os serviços de coleta e tratamento de esgoto têm um custo mais elevado do que o custo de abastecimento de água. De modo que o modelo atual, além de não ser transparente com a sociedade, dificulta a geração de recursos suficientes para realizar os investimentos necessários em esgotamento sanitário.
Nossa proposta: No curto prazo, o subsídio entre as tarifas de água e esgoto deveriam deixar de existir, de modo que cada tarifa reflita os reais custos de operação. No médio prazo, os custos de coleta e tratamento de esgoto deveriam ser devidamente precificados. Espera-se com essa proposta priorizar os investimentos em coleta e tratamento de esgoto, diminuindo a poluição das águas e aumentando a segurança hídrica.
4
Quem polui mais, paga mais
A tarifa de tratamento deve ser calculada considerando o tipo de esgoto e a qualidade do serviço prestado
Princípio: Saúde e Bem-estar | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: O valor da tarifa de esgoto, aqui embutido o serviço de tratamento, é calculado em função da tarifa de água e, portanto, não resulta de uma análise técnica do tipo de resíduo gerado pelos usuários. A lógica de qualquer indústria para calcular um determinado custo envolveria uma análise do material a ser trabalhado e efetivamente a qualidade e eficiência do serviço prestado. No setor de saneamento básico, nem o tipo de esgoto nem a qualidade e eficiência do tratamento são observados no cálculo da tarifa. Desde fevereiro de 2019 a Sabesp publicou um Comunicado que, a princípio, considera a carga poluidora do esgoto para o cálculo da tarifa. Entretanto, até o presente momento, esse Comunicado não está disponibilizado no site da empresa.
Nossa proposta: O valor cobrado pelo tratamento deve ser diferenciado, de acordo com a toxicidade do esgoto gerado e o tipo de tratamento realizado (primário, secundário ou terciário). Quanto mais complexo, mais alto o valor cobrado ao usuário, considerando especialmente a complexidade dos esgotos gerados pelos usuários industriais. Espera-se com essa proposta promover o necessário avanço dos índices de tratamento de esgotos, remunerando adequadamente o prestador e, ao mesmo tempo, contribuindo para uma cobrança mais justa entre os usuários.
5
Mais faixas de consumo para um uso mais consciente
Aumentar o número de faixas, mantendo a lógica progressiva de valores, estimula o uso racional
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: A cobrança pelos serviços de coleta e tratamento de esgoto e abastecimento de água é estabelecido por faixas de consumo. A cada faixa o valor unitário (R$/m³) aumenta de forma progressiva. A regra geral estabelece 4 faixas: de 0 a 10 m³, de 11 a 20 m³, de 20 a 50 m³ e acima de 50 m³. O problema dessa estrutura é que ela é mal comunicada à sociedade, diminuindo seu potencial de impacto positivo, e os intervalos de cada faixa são muito extensos.
Nossa proposta: Diminuir o intervalo entre as faixas de consumo mantendo a lógica do aumento progressivo do valor unitário (R$/m³), deixando essas informações claras no site da empresa e explícitas na conta que os usuários recebem. Espera-se com essa proposta potencializar a capacidade da tarifa em estimular o uso racional e combater o consumo perdulário, desde que sua estrutura e funcionamento seja comunicada de forma transparente e compreensível a toda a sociedade.
6
Mais ou menos recursos ($) conforme os resultados entregues
A remuneração do prestador deve variar de acordo com metas pré-determinadas
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: Atualmente não existe nenhum mecanismo que premie ou penalize a Sabesp conforme os resultados e metas que ela atinge. Essa maneira como a remuneração do prestador funciona não estimula a eficiência, nem tampouco orienta os investimentos para acelerar a universalização do acesso e a prestação de um serviço de qualidade. Desde 2018 a Arsesp criou o “Fator Q” que representa uma tentativa de ir nessa direção de induzir a eficiência. Entretanto sua aplicação se dará somente em 2020 e os critérios para o seu cálculo (índice de ligações factíveis de esgoto; prazo para reposição de pavimento; índice de reclamações de usuário relacionados à falta de água e baixa pressão; e índice de vazamentos visíveis) devem ser aprimorados.
Nossa proposta: Calcular a perfomance da Sabesp a partir dos seguintes fatores: volume de esgoto que chega às Estações de Tratamento (ETEs), qualidade do esgoto que sai das ETEs e redução de perdas água nas tubulações. A partir dos cálculos e aferições anuais, a receita da empresa aumentará ou diminuirá segundo os resultados entregues considerando a meta estipulada anteriormente. Espera-se com essa proposta promover a prestação do serviço com mais qualidade e eficiência e acelerar a universalização do acesso.
7
Estimular o consumo racional
Bônus e multas aos usuários mais conscientes
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: Não há um plano estratégico de médio/longo prazo, considerando a possibilidade real de novas crises hídricas, que determine regras claras de bônus e multa aos usuários, considerando o volume de consumo de cada um deles. Todos os mecanismos criados até hoje foram medidas emergenciais que, em muitas ocasiões, não foram devidamente comunicadas à sociedade. O problema é que é necessário criar as condições para a segurança hídrica, especialmente em uma metrópole populosa como São Paulo, com regras claras e transparentes, que permita implementar uma boa gestão da demanda.
Nossa proposta: Elaborar um plano com regras de bônus e multas que sejam claras, justas, transparentes e construídas antecipadamente. Espera-se com essa proposta aumentar a resiliência da região, estabelecendo mecanismos que permitam enfrentar possíveis situações futuras de queda nos índices de chuva e decorrente crise de abastecimento, gerenciando adequadamente a demanda por água.
8
Isentar parte dos custos cobrados aos hospitais e escolas públicas
Não cobrar a tarifa fixa/de acesso de usuários de caráter essencial
Princípio: Água como Direito | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: Instituições de assistência social, como locais de abrigo para crianças e de atendimento aos idosos, pagam tarifas diferenciadas, as quais têm valores menores quando comparados às tarifas para usuários comerciais e industriais.
Nossa proposta: Considerando a adoção da Recomendação 1 e a adoção de modelo composto por tarifa fixa mais tarifa volumétrica, propõe-se isentar os usuários desse grupo de assistência e também usuários de caráter social, como hospitais e escolas públicos, a cobrança da parcela fixa. Espera-se com essa proposta facilitar o acesso a instituições que prestam serviços de interesse público para a sociedade, diminuindo o risco de inadimplência das mesmas.
9
Garantir o direito à água e ao saneamento às famílias em situação de pobreza
A tarifa social deve ter critérios justos e com valores adequados
Princípio: Água como Direito | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: Parte dos entraves do modelo atual está relacionado aos critérios utilizados para definir quem tem direito à tarifa social não condizem com os critérios oficiais de caracterização de famílias em situação de pobreza definidos pelo IBGE e, além disso, geram dificuldades operacionais de fiscalização. Outro ponto de atenção é em relação aos valores aplicados, uma vez que o desconto aplicado é regressivo a cada faixa de consumo.
Nossa proposta: Adotar o CadÚnico como instrumento para identificar as famílias que devam receber a tarifa reduzida, considerando aquelas com renda per capita mensal de até meio salário mínimo - que é exatamente o critério adotado pelo próprio IBGE, órgão oficial do governo federal, para classificar tecnicamente a situação de pobreza. Em relação ao valor da tarifa, a proposta é que o desconto aplicado seja constante, independente da faixa de consumo, exatamente porque grande parte das famílias em situação de pobreza são numerosas, e a lógica vigente desconsidera essa realidade. Para as famílias em situação de extrema pobreza (renda per capita de até R$ 85/mês), sugere-se avaliar a viabilidade de adotar a gratuidade da tarifa. Espera-se com essa proposta promover o direito humano de acesso aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, garantindo as condições para viabilizar tal acesso às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, aumentando a cobertura atual do benefício de 435 mil famílias para 2,1 milhões.
10
Destinar uma parte da tarifa para a proteção das fontes de água
A tarifa deve gerar recursos para o cuidado com os mananciais
Princípio: Preservar as fontes de água | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: Não há nenhuma regra regulatória que determina uma destinação específica e garanta recursos perenes e significativos para os necessários investimentos na proteção das fontes de água responsáveis pelo abastecimento. Ainda assim a Sabesp é proprietária de uma área 44,53 mil hectares, dos quais 33 mil hectares são de cobertura florestal. De todo modo, a necessidade de proteção dos mananciais é uma ordem de grandeza muito superior, que demanda uma estratégia e recursos financeiros.
Nossa proposta: Incluir no cálculo da tarifa de água e esgoto uma porcentagem com destino específico para ações de proteção aos mananciais, ancoradas em um planejamento e estratégia envolvendo múltiplos atores. Espera-se com essa proposta gerar recursos perenes e suficientes para viabilizar os necessários investimentos em conservação, restauração e promoção de atividades sustentáveis nas áreas de mananciais.
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A conta de água e esgoto deve ser mais transparente e completa
A conta deve conter todas as informações-chave e a memória de cálculo em um formato de fácil compreensão
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Prestador
Problema atual: A conta paga pelos usuários não especifica informações relevantes e tampouco é apresentada em uma formato de fácil compreensão.
Nossa proposta: A conta deve incluir informações básicas, tais como os serviços efetivamente prestados e seus respectivos custos, eventuais subsídios pagos ou recebidos e o manancial responsável pelo abastecimento de cada usuário. Podem ser pensadas estratégias para a conta gerada e enviada a via física, bem como alternativas de apresentação no formato online no site do prestador. Espera-se com essa proposta que, com uma comunicação mais ampla e transparente e com informações apresentadas na conta em uma linguagem acessível, a sociedade tenha as condições para ser de fato um ator corresponsável pela gestão democrática e sustentável da água
12
Aprimorar a comunicação com a sociedade
Todas as informações (cálculo da tarifa, metas, etc) devem ser traduzidas e apresentadas à sociedade em diferentes plataformas e formatos
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Prestador
Problema atual: Informações de extrema importância, tais como o cálculo da tarifa, as metas, investimentos e cenários de universalização, são pouco divulgadas ou então apresentadas em formatos e linguagem difíceis de serem compreendidos pela sociedade. A linguagem técnica e complexa dificulta a compreensão da sociedade sobre esse assunto.
Nossa proposta: Investir em estratégias amplas e estruturantes de comunicação com a sociedade, apresentando todas as informações de interesse público em formatos acessíveis, utilizando diferentes canais de comunicação, inclusive o próprio site do prestador. Espera-se com essa proposta que, ao comunicar e apresentar as metas e resultados à sociedade de forma clara, seja possível implementar uma estratégia adequada de construção de segurança hídrica, contando com o apoio e participação da sociedade.
13
Disponibilizar as informações para cada município
É central ter conhecimento dos custos e investimentos em cada um dos municípios
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Agência Reguladora
Problema atual: Todo o debate sobre saneamento básico reflete questões de interesse público, de modo que a exposição do cenário atual e a construção de soluções devem estar ancoradas na transparência dos dados. Uma das informações centrais, que hoje não está devidamente apresentada à sociedade, são os chamados subsídios cruzados entre os municípios.
Nossa proposta: Apresentar esses valores de maneira mais transparente para que a população tenha conhecimento sobre os custos reais de operação e investimento em cada um dos municípios. Por conta da complexidade desse assunto, essa mudança deve ser paulatinamente adotada, de modo a garantir um serviço de qualidade em todos os municípios. Espera-se com essa proposta dar condições para que as soluções referentes aos modelos de prestação regionalizada sejam construídas de forma amplamente transparente, contando com o protagonismo dos governos municipais e da participação social.
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Priorizar investimentos ouvindo a sociedade
A universalização do acesso e a qualidade do serviço são assuntos de interesse público
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Prestador
Problema atual: A sociedade deve ser amplamente envolvida nas decisões estratégicas do setor, em primeiro lugar porque se trata de um assunto de interesse público, e, em segundo lugar, porque são os usuários que financiam a maior parte dos investimentos a partir do pagamento da tarifa. O planejamento e metas são estabelecidos nos Planos Municipais. Entretanto, o prestador, dentro do período do contrato e observando as determinações dos planos, priorizar. Atualmente existe pouca interação, no sentido de consulta e comunicação, entre os usuários e a empresa prestadora de serviço de água e saneamento, no caso a Sabesp.
Nossa proposta: Seja no momento do planejamento, seja na etapa de execução dos investimentos, a sociedade deve participar das decisões estratégicas, especialmente no momento de determinar como serão priorizados os investimentos. Espera-se com essa proposta envolver a sociedade na construção de soluções adequadas para alcançar a universalização dos serviços de saneamento básico o mais rápido possível.
15
Transparência na gestão do Fundo de Saneamento do Município de São Paulo
7,5% da receita da Sabesp gera recursos importantes que o paulistano deve conhecer e acompanhar
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Governo (Municipal)
Problema atual: 7,5% da receita bruta gerada a partir da tarifa de água e esgoto no município de São Paulo é destinada ao Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura (FMSAI). Este Fundo tem como objetivo dar apoio e suporte a “ações de saneamento básico e ambiental e de infraestrutura no Município”. Entretanto, há uma baixa transparência e divulgação dos investimentos realizados a partir do Fundo, além da participação social não ser incentivada.
Nossa proposta: O Fundo deveria contar com uma maior participação da sociedade civil para a tomada de decisões em ações que envolvem o abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto no município de São Paulo. A gestão do FMSAI deve ser integrada à Política Municipal de Segurança Hídrica criada em maio de 2019. Espera-se com essa proposta contribuir para uma gestão mais transparente e participativa do FMSAI, em prol do avanço da universalização no município de São Paulo.
16
Investimento público para a tarifa social
Subsídios diretos para viabilizar a universalização
Princípio: Água como direito | Responsável: Governos
Problema atual: Quem financia a tarifa social e outros “descontos” do sistema são os próprios usuários, a partir do modelo denominado subsídio cruzado. Entretanto, os subsídios cruzados não são suficientes para garantir que todas as famílias em situação de pobreza tenham garantido o direito de pagar a tarifa social, e tampouco geram recursos suficientes para promover a oferta desses serviços em locais não atendidos, por exemplo, em zonas rurais.
Nossa proposta: O Estado deveria implementar um sistema de subsídio direto, complementar ao subsídio cruzado. Sob a ótica dos direitos humanos, o Estado, em seus diferentes níveis de governo e instâncias, tem o dever de garantir a melhoria progressiva das condições do saneamento. Entretanto, o fato é que há um déficit significativo de atendimento, tanto em termos de acessibilidade financeira das famílias em situação de pobreza, quanto em termos de acesso nos locais mais distantes. Espera-se com essa proposta que o Estado assuma o protagonismo e a responsabilidade indelegável de viabilizar a universalização do acesso observando as metas postas no Plansab e ODS.
17
Recursos fiscais em prol do saneamento
Subsídios fiscais como complemento para viabilizar a universalização
Princípio: Água como direito | Responsável: Governo (Federal)
Problema atual: Um montante significativo de recursos é “retirado do sistema” de saneamento básico a partir da cobrança de impostos das empresas prestadoras de serviços. Enquanto que, um dos principais problemas para os péssimos índices de saneamento e não universalização é, exatamente, a falta de recursos para investimentos.
Nossa proposta: Até que a universalização não seja alcançada, promover um debate sério e aprofundado a respeito da isenção do pagamento de impostos por parte dos prestadores, com a condição de que os recursos sejam reinvestidos integralmente em iniciativas que promovam tal finalidade e que haja total e irrestrita transparência da gestão dos mesmos. Espera-se com essa proposta que seja aprovada legislação que garanta mais recursos, nesse caso de origem fiscal, para os necessários investimentos em saneamento básico, alinhados à estratégia do Plano Nacional e em prol da universalização.
18
Retenção dos dividendos do governo do estado de São Paulo para universalização
Reinvestir integralmente em saneamento os dividendos que o governo (maior acionista) retira da Sabesp anualmente
Princípio: Água como direito | Responsável: Governo (Estadual)
Problema atual: O Estado de São paulo é maior acionista da Sabesp com 50,3% das ações, de modo que recebe anualmente a parte que lhe cabe da distribuição dos dividendos da empresa. Trata-se de mais um mecanismo que “retira recursos do sistema” de saneamento básico para aplicação em outros setores, enquanto ainda não alcançamos a universalização. Em 2018 esse montante foi superior a R$ 398 milhões.
Nossa proposta: Até que a universalização seja alcançada o Governo do Estado de São Paulo deve reinvestir integralmente os recursos dos dividendos que recebe anualmente da Sabesp “dentro do setor” de saneamento básico. Espera-se com essa proposta que o ritmo em direção à universalização seja acelerado e o saneamento básico se torne efetivamente uma prioridade política.
19
Mais esforços para despoluir as águas
Rever e fortalecer o Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes/ANA)
Princípio: Preservar as fontes de água | Responsável: Governo (Federal)
Problema atual: O Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes) é uma iniciativa inovadora promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), baseada em um mecanismo de remuneração dos prestadores a partir de resultados efetivamente entregues em relação ao tratamento de esgotos. Entretanto, suas ações foram perdendo força ao longo dos anos.
Nossa proposta: O Governo Federal deve desempenhar um papel importante na promoção da universalização e no incentivo de boas práticas. O Prodes é um bom exemplo de iniciativa que pode contribuir nesse sentido e, portanto, deve ser aprimorado e fortalecido. Espera-se com essa proposta gerar recursos especialmente para as ações relacionadas ao esgoto, contribuindo assim para promover a necessária melhora nos índices de tratamento de esgoto e na qualidade das águas.
20
A gestão sustentável das águas que estão debaixo da terra deve ser priorizada
O uso indevido de águas subterrâneas gera impactos negativos em todo o sistema
Princípio: Preservar as fontes de água | Responsável: Governo (Estadual)
Problema atual: A gestão das águas subterrâneas deve estar integrada às políticas de saneamento básico. A “fuga” de determinados usuários dos sistemas de saneamento básico nos locais onde há a infraestrutura devidamente instalada, adotando medidas como a perfuração de poços, causa impactos negativos de diferentes ordens. O prestador não é devidamente remunerado pelos investimentos feitos de instalar a infraestrutura. Além disso o usuário que “foge” do sistema tem automaticamente sua tarifa diminuída mas segue, em grande medida, utilizando o sistema de esgotamento sanitário.
Nossa proposta: A gestão das águas subterrâneas deve ser aprimorada. A autorização de uso (chamada outorga) deve efetivamente funcionar. Ademais a fiscalização desse tipo de utilização de um bem público deve ser eficaz e eficiente. Espera-se com essa proposta inibir a “fuga” de usuários nos locais onde há infraestrutura instalada, bem como integrar a gestão de recursos hídricos com as políticas de saneamento básico.
21
Promover o reuso para fins não potáveis
O reuso aumentará nossa segurança hídrica
Princípio: Saúde e Bem-estar | Responsável: Governos
Problema atual: Não existe hoje em dia no Brasil uma legislação consistente que regularize e promova o avanço das soluções em reuso da água para fins não potáveis. Esse quadro tampouco estimula que a venda de água de reuso se torne efetivamente um negócio para as empresas.
Nossa proposta: O poder público deve estabelecer regras claras que permitam o avanço da comercialização de água de reúso para fins não potáveis, como por exemplo a irrigação, a construção civil e o combate a incêndio. Isso aumentaria a disponibilidade de água potável para usos prioritários como o abastecimento humano. Espera-se com essa proposta aumentar a disponibilidade de água e fortalecer a segurança hídrica, garantindo os usos múltiplos da água de forma racional e sustentável.
22
A água é um bem público, dotado de valor econômico
A cobrança pelo uso da água deve ser implementada em todas as bacias
Princípio: Gestão Democrática | Responsável: Comitês de Bacia Hidrográfica
Problema atual: Como a água no Brasil é um bem público, sua apropriação privada não é possível. De modo que ao captar “água bruta” direto de um rio ou um reservatório, aquele usuário deve pagar a chamada cobrança pelo uso da água ao respectivo Comitê de Bacia. Ocorre que essa cobrança inexiste em vários locais ou, nos locais onde existe, aplica-se um valor muito baixo, muitas vezes sem ter qualquer reajuste inflacionário há anos. Isso acaba não estimulando um uso mais consciente da água.
Nossa proposta: A cobrança pela água deve ser um instrumento adotado em todas as bacias hidrográficas, com valores justos, com reajustes anuais reais. Espera-se com essa proposta induzir práticas mais sustentável na gestão da oferta da água no saneamento básico, valorizando a água enquanto bem natural finito e gerando recursos importantes para a adequada gestão dos recursos hídricos.
23
Regras claras e rígidas para a circulação de caminhões-pipa
O trânsito desses veículos gera diversos impactos negativos que devem ser minimizados
Princípio: Saúde e Bem-estar | Responsável: Governos
Problema atual: Parte da estratégia de “fuga” do sistema convencional de saneamento, utilizada especialmente por grandes usuários de água, é passar a contratar caminhões-pipa para seu abastecimento hídrico, deixando de consumir a água das tubulações instaladas. Entretanto, essa prática gera diversos impactos negativos. Um deles é diminuir “artificialmente” sua tarifa de água e esgoto, mas ao mesmo tempo, seguir utilizando a infraestrutura de esgoto. Isso impacta negativamente o equilíbrio econômico-financeiro do prestador que já realizou os investimentos naquele local. Além disso a circulação de caminhões-pipa causa impactos negativos na saúde pública e na mobilidade urbana.
Nossa proposta: Adoção de práticas que restrinjam a circulação de caminhões-pipa, especialmente em locais onde há a infraestrutura de saneamento instalada. Bem como uma melhor fiscalização dos procedimentos de captação dessa água bruta por parte desses veículos. Espera-se com essa proposta promover uma gestão da oferta e da demanda da água mais racionais e sustentáveis, bem como diminuir a emissão de gases de efeito estufa e impactos negativos na mobilidade urbana.
Referências de Estrutura Tarifária e Estudo de Viabilidade
Cenário projetado aponta a viabilidade do Programa de Proteção dos Mananciais
Levantamento e análise de 17 experiências nacionais e 13 internacionais de estruturas tarifárias de referência
Pesquisa de opinião
Pesquisa de opinião revela que saneamento básico está no topo das prioridades dos paulistanos.